Sofia caminhava pela vila, e a única coisa que quebrava o silêncio pesado daquela noite era o suave tique-taque de suas sandálias no chão de pedra. Em sua mão, uma lamparina. O único farol de esperança em um mundo de trevas.
O povo de sua vila havia se entregado ao medo. Eles acreditavam que a escuridão era a única realidade, e que a fé era uma ilusão perigosa. As casas eram caixotes fechados, onde a vida se escondia e a desconfiança florescia. Ninguém se arriscava a acender uma vela, pois achavam que qualquer brilho apenas atrairia o mal.
Sofia, no entanto, era a guardiã de um segredo. A lamparina que ela segurava era um presente de sua avó, um objeto que simbolizava uma antiga promessa. A lamparina nunca se apagava, mas sua luz era fraca, mal conseguia iluminar o caminho de uma única pessoa. E, na solidão de seus dias, Sofia se perguntava se sua luz seria o bastante.